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Avaliação em ensino remoto emergencial

Avaliação em ensino remoto emergencial

No período de quarentena, com a suspensão das aulas, foi decretado o ensino remoto emergencial, ou seja, um modelo de ensino que surgiu devido a pandemia. Os profissionais de educação precisaram rapidamente modificar rotinas e adaptar suas práticas de ensino presencial, criando novas estratégias pedagógicas para ofertar um ensino de qualidade diante dessa nova realidade. Uma das preocupações sentidas com essa prática está relacionada ao processo avaliativo: como avaliar a aprendizagem dos estudantes no período de ensino remoto presencial?

Quais são os tipos de avaliação?

Classifica-se a avaliação em três tipos (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1983):

  • Avaliação diagnóstica – busca investigar um determinado conhecimento prévio do estudante, ou após a passagem por algum componente curricular, qual habilidade o aluno domina. Além disso, traz dados sobre as aprendizagens que os alunos ainda precisam desenvolver. É necessário sempre se ter muito claro o que se quer identificar com essa avaliação, ou seja, um objetivo.
  • Avaliação formativa/processual – busca avaliar os estudantes para identificar se é possível uma mudança de rota, no que se refere à metodologia do professor e às experiências de aprendizagem, para compreender como está o ritmo de aprendizagem da turma.
  • Avaliação somativa/somatória – busca aferir, atestar, no intuito de finalizar um percurso de aprendizagem. É o momento de trazer elementos quantitativos para obter-se um mapa das aprendizagens dos estudantes. O foco são os resultados.

É muito importante entender que avaliação não é só prova, pois a prova não é o único instrumento de avaliação. A prova faz parte de um processo avaliativo que, por sua vez, é contínuo, permanente e universal (VIEIRA, 2000). Além disso, é importante destacar que na educação escolar, a ação de educar e a ação de educar são dois momentos complementares e, por isso, estão relacionados (HOFFMANN, 2001).

Portanto, no ensino remoto emergencial, a avaliação é indissociável do processo de ensino e aprendizagem, devendo ser diversificada para atender aos diferentes perfis de aprendizagem dos alunos, às múltiplas inteligências e deve ser estruturada em diferentes níveis de complexidade. No entanto, reconhecemos que essa prática é um grande desafio para todos os educadores.

É importante avaliar os estudantes durante o ensino remoto presencial?

Aluna faz avaliação durante o ensino remoto.

Sem dúvida, a avaliação precisa ser vista como um acompanhamento para replanejar as práticas, de acordo com o projeto pedagógico do professor e da instituição de ensino. A avaliação precisa ser entendida como um sentido mais amplo, como um componente da aprendizagem. Nesse momento de ensino remoto, é importante priorizar a avaliação processual. Mas é possível fazer uso dos três tipos de avaliações.

Partindo das indicações da Base Nacional Comum Curricular – BNCC – o foco do professor deve as competências e habilidades, e não apenas os conteúdos dos componentes curriculares. Assim, para auxiliar o processo avaliativo, o professor poderá aproveitar as ferramentas digitais para planejar e desenvolver atividades relacionadas com a era digital e que exijam dos estudantes diferentes conhecimentos. Partindo da taxionomia de Bloom, esses conhecimentos envolvem seis processos cognitivos: criar, avaliar, analisar, aplicar, compreender e lembrar. O desafio, portanto, é elaborar estratégias avaliativas que estejam alinhadas com os objetivos, que, por sua vez, devem estar pautados nos nesses processos cognitivos.

Exemplos práticos de atividades avaliativas

Apresentamos, aqui, algumas sugestões para a avaliação no ensino fundamental – anos finais – e ensino médio.

O primeiro passo é ter em mente o que você quer avaliar. Em seguida, é importante preparar uma rubrica, ou seja, um documento com as expectativas de habilidades a serem desenvolvidas pelo estudante, de acordo com a missão da escola e os objetivos do professor. Os próprios estudantes deverão ter acesso a esse documento para se alinharem na execução das tarefas.

Para auxiliar na avaliação formativa, pode-se criar um registro de aulas usando o Documentos Google (documento compartilhado para um trabalho em conjunto). Assim, o professor pode fazer comentários semanais sobre cada estudante, identificando os resultados alcançados, as dificuldades apresentadas e as que foram superadas.

É muito interessante trabalhar com atividades diversificadas e que fazem uso das múltiplas linguagens, como a criação de playlists, atividades on-line, resenhas, blogs, vlogs, posts em redes sociais, etc. O envolvimento em atividades que levam em consideração as ferramentas digitais, executadas de maneira individual ou em grupo, envolvem diferentes áreas de conhecimento, competências e habilidades.

Em relação à avaliação somativa, para fechar o período bimestral, pode-se propor uma apresentação on-line (seminário, debate) com o uso de Apresentações Google e videoconferência via Meet ou Chat, permitindo que os estudantes realizem pesquisas enquanto debatem o tema proposto. Assim, você pode variar o tipo de prova para compor a nota final, trabalhando diversificados tipos de habilidades.

Esses são exemplos de propostas que integram as tecnologias digitais e que podem ajudar a escola a contribuir com o desenvolvimento de diferentes competências necessárias para os estudantes ter sucesso no futuro: comunicação, criatividade, colaboração, resolução de problemas e pensamento crítico.

Por fim, é muito importante analisar a responsabilidade e a autonomia dos estudantes. Estudar on-line não é uma tarefa simples para os adolescentes, que estão adaptados com uma rotina de estudos presencial. Dessa maneira, esse é o momento ideal para incorporar as práticas de resiliência na educação.

Referências

BLOOM, Benjamin S.; HASTING, Thomas e MADAUS, George. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Editora Pioneira, 1983.

HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 30. ed. Porto Alegre: mediação, 2001.

VIEIRA, H. M. Avaliação Educacional e o avaliador. São Paulo: IBRASA, 2000.