fbpx

O que são Projetos Integradores e qual sua importância para a prática pedagógica?

O que são Projetos Integradores e qual sua importância para a prática pedagógica?

            Os desafios do ensino na contemporaneidade recaem, sobretudo, na formação integral do indivíduo, a fim de responder às necessidades pessoais e às exigências de uma sociedade globalizada, em constante transformação. Por isso, as propostas pedagógicas atuais devem gerar espaços educacionais autônomos e criativos, que apresentem condições fundamentais ao crescimento pessoal, à formação profissional e à atuação cidadã dos estudantes.

            Nessa perspectiva, metodologias de ensino tradicionais, baseadas quase exclusivamente nos métodos expositivo e de memorização, têm sido pouco ou nada eficientes para ajudar os estudantes a aprender a pensar, refletir e criar com autonomia soluções para problemas e situações práticas da vida cotidiana.

            Atentos a esse cenário, a fim de garantir e desenvolver práticas pedagógicas eficientes, que unam teoria e prática, a metodologia de projetos tem sido adotada não apenas pelas escolas, mas também por documentos oficiais como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a fim de adotar uma formação global e holística, que valoriza o protagonismo juvenil, no processo de ensino-aprendizagem, e estabelece uma relação entre escola, família e comunidade.

A introdução da Pedagogia de Projetos na Educação

            A origem dessa proposta pedagógica data da década passada, quando já se falava de uma renovação dos métodos de ensino tradicionais, ideia defendida com veemência pelos estudiosas da chamada Escola Nova, que defendiam um modelo de educação voltado às necessidades, habilidades e experiências dos alunos. A Escola Nova destacou-se por sua reação à educação tradicional baseada na transmissão de conteúdos descontextualizados, e, de certa forma, abriu caminhos para uma proposta de ensino por projetos.

            Os primeiros a idealizarem o trabalho com projetos na escola foram John Dewey (1959; 1967) e Willian Kilpatrick (1967). Esses pedagogos acreditavam que o espaço escolar deveria estar aberto ao real, uma vez que a educação tem a função social de promover o sujeito de forma integrada. Para eles, os projetos tinham papel fundamental nas “comunidades em miniatura”, pois estabeleciam princípios importantes, tais como: da real experiência anterior, da prova final, da eficácia social e o de que o pensamento se origina de situações-problema. Portanto, o método de ensino deveria ser centrado nos problemas e na exigência de soluções para eles, como fonte de desafio e desenvolvimento de habilidades construtivas.

            Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir, de questionar, de levantar dúvidas, de pesquisar e (re)criar relações que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e (re)construções do conhecimento. O papel do docente, portanto, deixa de ser o de transmitir informações para criar situações de aprendizagens, atuando como mediador, para que o aluno consiga encontrar sentido, significado naquilo que está aprendendo, a partir das suas vivências e realidade.

A Metodologia de Projetos nas escolas: uma tendência

            Em consonância com a BNCC, a metodologia de ensino por projetos tem como propósito incorporar uma abordagem integradora e transversal dos conhecimentos escolares, com o objetivo de oferecer aos estudantes uma formação mais completa, que englobe a formação para o trabalho, para a cidadania e para a democracia. No entanto, para que os alunos, ao desenvolverem seus projetos, estejam desenvolvendo, ao mesmo tempo, conhecimentos e habilidades, gestores e professores precisam atentar para alguns fatores essenciais: planejamento, gestão, controle, acompanhamento e avaliação.

            É preciso, portanto, definir o problema a ser abordado, bem como o que justifica tal abordagem, os objetivos a serem alcançados, um plano de ação a ser executado e um plano de controle e avaliação, que corresponde aos procedimentos necessários para acompanhamento da execução do projeto e de seus resultados.

            Assim, ao adotar a metodologia de projetos, a escola opta por um ensino com planejamento, pesquisa e uma abordagem de discussão coletiva, crítica e reflexiva, que proporciona aos alunos a convivência com a diversidade de opiniões e posicionamentos, desenvolvendo a capacidade de argumentação ao mesmo tempo em que promove o respeito ao outro em situações de aprendizagens significativas.

            É importante salientar que os projetos, além de integrar diferentes saberes, de diferentes áreas do conhecimento, devem contemplar Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) – apontados pela BNCC – que estabelecem uma ligação entre os diferentes componentes curriculares, conectando-os às situações vivenciadas pelos estudantes em suas realidades, considerando, assim, o contexto escolar, o contexto social e a diversidade de vivências.

Fonte: https://implementacaobncc.com.br/

            A partir dessa abordagem transdisciplinar, elabora-se estratégias que relacionem os diferentes componentes curriculares e os TCTs, de modo que o estudante ressignifique a informação procedente de diferentes saberes disciplinares e transversais, integrando-os a um contexto social amplo. Além disso, esse tipo de proposta pressupões o envolvimento de toda a comunidade escolar, de modo a facilitar a associação dos saberes científicos com a vida prática e promover a disseminação do conhecimento enquanto construção coletiva.

Fonte: https://implementacaobncc.com.br/

Projetos integradores no PNLD

            No PNLD 2021, serão distribuídas obras didáticas de Projetos Integradores para as turmas do Ensino Médio das escolas públicas brasileiras. A mesma proposta já foi adotada no PNLD 2020 para os estudantes do Ensino Fundamental. De acordo com o documento, as obras devem possibilitar o desenvolvimento das dez competências gerais da BNCC em seis projetos por área do conhecimento.

            O objetivo do programa é tornar a aprendizagem dos alunos mais concreta ao explicitar a ligação entre diferentes componentes curriculares e áreas de conhecimento, a partir de temas integradores, dos quais destacam-se: STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), Protagonismo Juvenil, Midiaeducação e Mediação de Conflitos. Cada um desses temas deve ser desenvolvido a partir de atividades instigantes e desafiadoras, relacionadas a um problema ou questão que exija dos estudantes o uso da criatividade e de diferentes competências e habilidades.

            Vale ainda destacar que, em consonância com a BNCC, os projetos integradores devem apresentar temas contemporâneos transversais e atividades que contribuem para a educação socioemocional, que diz respeito às aptidões não cognitivas, relacionadas ao gerenciamento das emoções, seja no âmbito pessoal ou social.

            Assim, considerando a aplicação de todos esses aspectos, as obras didáticas de Projetos Integradores funcionam como uma forma de promover a implementação da BNCC nas instituições de ensino públicas brasileiras, a fim de garantir a formação integral dos estudantes, preparando-os para os desafios do século XXI.