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O professor mediador: O aluno como protagonista no processo de aprendizagem

O professor mediador: O aluno como protagonista no processo de aprendizagem

            O advento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) trouxe mudanças significativas na forma como as pessoas buscam informações e se comunicam. Essas mudanças também atingiram o âmbito educacional, fazendo com que o professor procurasse formas mais dinâmicas de interagir em sala de aula e assumisse o papel de mediador da aprendizagem.

            Contudo, a importância do professor como mediador da aprendizagem não é uma discussão recente e nem aconteceu apenas com o aparecimento das TDIC. Teóricos como Célestin Freinet (1896-1966) e Janusz Korczak (1878-1942) já apresentavam o papel do professor como aquele que auxilia o estudante a alcançar o conhecimento, apoiando o processo de aprendizagem, e não como aquele que é detentor de todo o conhecimento.

            O bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934), por meio de uma abordagem sociointeracionista, também dedicou suas pesquisas para investigar a aprendizagem mediada. Para ele, o desenvolvimento ocorre devido ao processo de interação e mediação entre sujeitos sociais. Assim, em um ambiente cultural e com os aparatos biológicos necessários, os indivíduos aprendem e se desenvolvem por instrumentos ou signos (linguagem) utilizados por mediadores: “o caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa por outra pessoa” (atenção conjunta).

            Vygotsky considera que todo estudante tem um conjunto de conhecimentos/práticas que já conseguem realizar: o nível de desenvolvimento real. Todo estudante também consegue ir além desse conhecimento prévio, desde que seja mediado. É na distância entre o conhecimento prévio e o conhecimento a ser desenvolvido que o professor mediador precisa atuar, incentivando o aluno a ir até o seu potencial.

            Com base na reflexão sobre a educação que forneça ao estudante meios para resolver problemas na contemporaneidade, o professor deve ter um olhar sobre o desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes e valores pelo discente, para que possa agir plenamente no mundo em que vive. Assim, é necessário propiciar aos estudantes condições para o pensamento crítico, desenvolvendo saberes e a capacidade de mobilizá-los e aplicá-los.

            O professor precisa ter uma postura que provoque a autonomia. O modelo tradicional, em que o professor apenas preenche o quadro de matéria para o aluno copiar não funciona mais. Porém, é necessário salientar que instigar a autonomia não é tarefa fácil, já que o próprio estudante reclama quando o professor assume uma postura diferente, sem oferecer respostas prontas, mas caminhos para reflexão e construção do conhecimento (partindo da abstração para se chegar nos exemplos práticos).

            Essa mudança de paradigma também impõe que foco do processo educacional deve ser a aprendizagem, e não os programas e provas, como é prática comum em nossas escolas, pois conceitos, ideias e métodos devem ser abordados por meio da exploração, da interpretação e da resolução de problemas. E essa resolução não é um exercício em que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula.Dessa forma, por mais que exista resistência, propor atividades mais ativas é um dos caminhos para que o estudante seja protagonista do próprio processo de aprendizagem e deixe de lado o papel de mero espectador.

            O psicólogo, escritor e mestre em educação Marcos Meier indica que a novidade, a variedade e o grau de desafio crescente são a chave para a construção de diferentes aprendizados. São ações que criam novas conexões cerebrais, pois fazem com que o estetenha dificuldade constante para aprender. Se o cérebro recebe apenas respostas prontas, sem algo novo, diferente e desafiador, ele se acomoda e não cria novas conexões que facilitam a aprendizagem.

            No entanto, é importante ter atenção para evitar uma deturpação no que diz respeito à aplicação prática da ideia de mediação. Além de promoverem o aprendizado por meio da relação entre indivíduos, com atividades realizadas em grupo, por exemplo, é necessário disponibilizar momentos de internalização, individuais e reflexivos, na rotina das aulas, a fim de consolidar o aprendizado.

            Com base nesse contexto, a Base Nacional Comum Curricular – BNCC – também aponta a importância de um processo educativo que visa à formação e ao desenvolvimento humano global, o que requer muito mais do que o acúmulo de informações.Requer que o estudante desenvolva competências para saber lidar com informações, atuar com responsabilidade nas mídias digitais, ser proativo para identificar problemas e buscar soluções, ser autônomo para tomar decisões, conviver com as diversidades. E é a mediação do professor que favorece a formação dessas competências que transforam o estudante passivo em um indivíduo protagonista.