Temos a Arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade. Somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.(NIETZSCHE, 2008)
A Arte, desde a Pré-História, sempre foi um refúgio utilizado pelas pessoas como forma de expressão de sentimentos, de comunicação e de atividades ritualísticas. As primeiras expressões artísticas foram registradas pelos homens das cavernas, que pintavam as paredes com elementos ilustrativos para representar os sentimentos, as ações e a vivência da época. Com o passar dos anos, novas formas de Arte foram surgindo e passaram a ser cada vez mais difundidas, estudadas e ensinadas, constituindo-se em manifestações artísticas de ampla divulgação e como disciplina escolar.
Conceitualmente, as manifestações artísticas podem ser categorizadas entre três tipos de Arte: visuais, que incluem desenho, pintura, cinema, arquitetura, escultura, fotografia; literárias, tais como drama, poesia e prosa; performáticas, incluindo dança, música, teatro. Além das artes citadas, hoje encontramos novos registros: história em quadrinhos (HQ), jogos eletrônicos e arte digital, que surgiram a partir das atuais demandas de produção mediadas por recursos tecnológicos digitais.
Percebe-se que, ao longo dos anos, assim como as tecnologias se desenvolveram, a Arte acompanha esse percurso e também se transforma e se renova conforme as possibilidades criativas que surgem. A inclusão de mais quatro tipos de arte, que passaram de sete para onze, é um exemplo de inovação e atualização dos saberes.
Nesse cenário de mudanças, o ensino remoto emergencial, em um contexto de pandemia, tem provocado verdadeiras revoluções nos paradigmas metodológicos, de modo que as tecnologias digitais rapidamente passaram a ser utilizadas tanto para produzir quanto para ensinar e aprender Arte
Metodologias interativas de ensino das manifestações artísticas propõem estimular os estudantes a ir além das palavras, a enxergar além do olhar e a ouvir e não apenas escutar.Nesse contexto, os recursos digitais são aliados na produção de conhecimento artístico. Para tanto, o professor pode promover atividades de reflexão e de curadoria utilizando as ferramentas que as tecnologias dispõem, tais como aplicativos e programas de edição de imagens (Adobe Lightroom e Adobe Photoshop Mix, por exemplo)e de vídeos (a exemplo do Windows MovieMaker e Movavi).
Para estimular o docente a essa prática, traçamos alguns objetivos de aprendizagem que mobilizam o uso de ferramentas digitais no ensino de manifestações artísticas:
Didaticamente, esses objetivos podem ser explorados nos modelos de ensino virtual ou de ensino híbrido, em que as tecnologias digitais favorecem as práticas educativas e a aprendizagem efetiva voltada para a realidade dos alunos. O docente pode iniciar a sequência de aulas com exibições de obras artísticas em ambientes físicos e virtuais, incentivando a pesquisa na web, bem como atividades de reflexão e discussão. Além disso, é imprescindível que o professor indique a prática, propondo atividades de encenação, apresentação ou exposição de obras criadas pelos próprios alunos, garantindo o protagonismo baseado nas especificidades da cultura local. O trabalho final poderá contar com uma ou várias formas de execução e registro: exibição ao ar livre em ambiente público; exposição on-line por meio do Youtube e/ou outras plataformas; fotografia; grafite; criação de blog ou página em redes sociais.
O percurso metodológico que envolve esse processo pode iniciar no (re)conhecimento de artistas e de suas produções culturais, passando pelo incentivo à curadoria e ao protagonismo estudantil em eventos de exibição on-line.
Os resultados dessas práticas são o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da expressividade e da estética nos estudantes, de modo a permiti-los explorar ambientes e explorar o corpo pela mobilização de gestos, voz, sonoridades, movimentação e imaginação. Nesse sentido, a Arte é promotora de autoconhecimento, como experiencia pessoal, além de gerir experiências sociais.
Enfim, as possibilidades são múltiplas. Cabe ao docente buscar a constante atualização dos saberes e pôr em prática o ensino mediado pelos recursos digitais que temos disponíveis, guiando-se pelo fato de que a Arte transforma o caótico em belo e é capaz de levar respostas para os jovens em fase de transição, que se atinam, muitas vezes,como incompreendidos pelo restante da sociedade.
Paloma SabataLopes da Silva
Doutora em Letras pela UFPE, especialista em Inteligência Emocional e em Libras, é professora da Educação Básica e do Ensino Superior, escritora e palestrante. Confia no potencial da educação para o desenvolvimento intelectual e socioemocional do ser.